Sunday, August 13, 2006

Grifar

Tenho o costume de grifar os livros que eu leio.

Porque um livro, é um objeto pessoal. Não consigo pegar um livro numa biblioteca para ler e depois devolvê-lo. Um livro é como uma amante. Quero possuí-lo. Como pode alguém pegar uma amante numa prateleira, e depois de curtí-la, se envolver emocionalmente, apaixonadamente, devolvê-la a uma fria estante, abandonada? Deixá-la só numa biblioteca, onde pode acontecer de ninguém jamais vir a pegá-la? Que tristeza!

Um livro é um amigo que fazemos. Ou uma amante. Quero voltar a pegá-lo, acariciá-lo, saboreá-lo. Lá estarão minhas marcas, minhas recordações e anotações. A impressão que me causou estará lá, manifestada. Voltar a encontrá-lo é um momento de paixão. Folhar e lá encontrar rápidamente aquilo que mais me impressionou é uma delícia.

Com um livro exerço a tendência poligâmica do homem, tolhida pela sociedade, mas que com os livros posso manifestar sem medo de críticas. Sou promíscuo com eles.

Por isso eu digo. Nunca compre um livro pensando em deixá-lo intacto, sem nunca grifá-lo, marcar uma página. Não fazer isso é deixá-lo virginalmente abandonado e desprezado. Não é para isso que as amantes foram feitas. Nossa marca estará lá, distinta, para ser lembrada em nossos reencontros.

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